Elias G. Junior
Contos
de Taberna
“...e foi neste momento
que eu, o grande e poderoso Elvic, um Cavaleiro da Ordem do Amuleto, com meu
último golpe de espada, insuficiente para acabar com o grupo de bandidos que
nos abordaram na estrada, meu parceiro quase morto no chão ao meu lado estende
a mão para mim, estava com ele o Amuleto da Ordem, carregado pelo líder do
grupo de Cavaleiros sempre, e cai inconsciente no chão lamacento, depois de ter
sofrido vários ataques dos malditos que habitavam a escuridão que estava na
estrada. Acordei depois de um tempo, acorrentado numa sala escura, as paredes e
o teto eram feitos de pedra lisa, nenhum ruído habitava o local, a não ser
múrmuros de pessoas conversando do lado de fora da sala. Ouço o barulho de
trancas sendo abertas, muitas delas. Uma pesada e grande porta se abre, uma
porta que eu não havia notado que estava ali, era feita de metal, tinha a
espessura de minha cabeça, parecia ser feita para impedir que alguma fera
terrível entre ou saia, no caso esta fera era eu, então percebi que temiam
minha presença ali. No ranger da porta se abrindo vejo duas sombras paradas na
frente da porta. O quarto, que estava completamente escuro até ali, se
iluminava vindo da tocha que uma dessas figuras seguravam, acompanhado de seu
parceiro que empunhava uma enorme espada, com a intenção de proteger o portador
da tocha. Eles entram na sala, iluminando mais ainda o local, percebo no canto
um baú que continha meus equipamentos. Dois homens encapuzados, usando um manto
preto sobre o corpo, acredito que iriam me interrogar, até torturar se fosse
preciso, porém estavam com receio de se aproximarem de mim, então perguntei:
– Porque me teme,
carrasco?
Ficaram quietos. O
portador da tocha dava passos curtos para trás, distanciando-se de mim. Sinto um
tremor forte que faz os carrascos de desequilibrarem e quase cair no chão, ouço
também muita movimentação pelo lado de fora da sala, pessoas correndo e
gritando, espadas batendo em escudos e em carne, de repente o silêncio toma
conta do lugar novamente, os homens estavam aflitos, olhando um para o outro,
suando descontroladamente. A tocha se apaga repentinamente, fazendo a escuridão
se espalhas pela sala novamente, não fui o responsável por isso, mas um dos
homens grita para o outro:
– Sabia que trazer este
cara aqui era má ideia, MÁ IDEIA!
Neste momento a porta
se abre e se fecha rapidamente, alguém entra e se esconde nas sombras, ouço
barulho de lâminas cortando algo, a tocha se acende, um homem, vestindo uma
roupa de couro tingida de preto, cabelos pretos e uma barba rala, com um sabre
na cintura e a tocha na mão procura algo nos corpos dos dois carrascos, mortos
e cobertos de sangue no chão. Pega uma chave, destranca as correntes em que
estava preso e me diz:
– Seja rápido, pegue
suas coisas no baú e me siga até a saída, não temos muito tempo até este
castelo desmoronar.
– Castelo? Mas nesta
região da Inglaterra não há nenhum castelo. – Afirmei.
– Não há tempo para
explicar agora, precisamos correr.
Vou correndo para o baú, coloco minha
armadura, pego a minha espada e o meu escudo, e coloco o Amuleto da Ordem, dada
pelo meu amigo momentos antes de sua morte, que estava em minha braçadeira, e
vamos correndo para sair rapidamente do castelo.
– Conheço um caminho
para sairmos daqui sem que os soldados nos percebam, me siga e não faça barulho.
– Diz o homem que veio me salvar.”
– Estou com a garganta
seca, – afirma Elvic – depois desta longa história mereço um descanso e uma
grande caneca de Hidromel.
O taberneiro traz um
grande barril e muitas canecas para a mesa do contador, que esta rodeado de
muita gente.
– Já que você alegrou e
deixou este tanto de gente curiosos na minha taberna, esta rodada e por conta
da casa – diz o taberneiro que seguido de suas palavras, todos os ouvintes
gritam de alegria.
Enquanto Elvic se
embebedava de Hidromel, um homem senta de seu lado e diz:
– Que história
incrível, estou muito curioso para ouvir o resto...Mas aquele homem que te
desprendeu das correntes, não seria aquele ali? – Aponta para um homem sentado,
distanciado do resto das pessoas, admirando a musica do bardo.
– Como descobriu? – diz
Elvic – A minha descrição dele ficou muito vaga.
– Presto muita atenção
nas pessoas que estão ao meu redor, muito mais nas informações que me dão e que
considero importantes, mas isso não importa, você sabe o que realmente este
homem é?
– O que seria ele?
– Um ladrão e um
assassino, senhor.
– Já ouvi essa história
rapaz, mas não me importo,Telstan salvou a minha vida! E deste então ficamos
muito amigos.
– Ele foi pego em um de
seus crimes, há muito tempo, foi julgado culpado e iria para a forca, e
momentos antes da execução, por motivos que desconheço, foi inocentado e
recebeu o perdão real. – Sem que Elvic perceba, ele coloca a mão no bracelete
que estava usando e retira o Amuleto, o presente dado pelo seu amigo antes de
morrer na emboscada dos bandidos, feito de pedras preciosas que julga ter alto
valor, esconde em seu bolso e continua a conversa.
–Como já disse, não me
importo com essas ladainhas, agora por favor me deixe terminar minha bebida. –
Diz Elvic, um pouco nervoso com o homem, que percebendo tal reação do Cavaleiro
se levanta pedindo desculpas se afasta de Elvic.
Enquanto isso, do outro lado do salão, se
encontrava Telstan, prestando atenção na historia que Elvic, seu amigo, contava
sobre sua aventura.
Ao fundo, havia o suave
som de um alaúde, sendo tocado por uma bela mulher, ela encantava todos os que
estavam ouvindo sua melodia, Telstan era um deles, estava afastado de todos
para ouvir a bela mulher cantando.
Todos começavam a se reunir
em volta da mesa de Elvic, esgotado o barril, continuava a contar sua história.
“Segui o tal homem, me
esgueirando e tomando muito cuidado para não fazer barulho. Ele me levou até um
salão vazio, havia uma mesa muito longa no centro e na ponta um enorme trono,
atrás deste trono existia um alçapão escondido debaixo de um tapete.
–É por aqui, venha –
disse o tal homem.
Uma escadaria nos
levava até um corredor, repleto de tochas nas paredes, infinitamente até as
perderem de vista. Seguimos o túnel por muito tempo, enquanto corríamos eu
tentava dialogar com ele:
– Afinal, quem é você e
o que faz aqui?
– Me chamo Telstan, há
umas três semanas estava seguindo você e seu grupo de cavaleiros, precisava alertar
vocês, a mando do Rei Durian, sobre a emboscada dos bandidos na estrada mas
cheguei tarde demais, vi a emboscada e resolvi esperar, mas seu grupo não
resistiu, existam muito mais deles escondido na floresta na beira da estrada,
quando você desmaiou te colocaram em uma carroça e partiram em viagem para o norte,
segui eles por cinco dias até que chegaram aqui, me infiltrei algumas vezes
para saber mais informações sobre o que acontecia aqui enquanto estava preso,
mas sem sucesso, até que achei esta passagem secreta que o dono do castelo, o
Rei Ecbert, usava em casos de emergência e que usei para chegar até você. O Rei
Durian, que acabara de descobrir sobre os planos de Ecbert e havia convocado
vocês, Cavaleiros do Amuleto, vir ver o que ocorria por aqui, mas um espião de
Vossa Majestade disse que já sabiam que estavam chegando, não sabiam que vocês
vinham para somente conversar e armaram uma emboscada, bandidos a mando do Rei
Ecbert, depois de saber pó que aconteceu com seu grupo o exército de Durian vinha
do sul para destruir as forças de Ecbert e está acontecendo um cerco a este
castelo e as catapultas já estavam armadas para destruir o local e todos que
estavam dentro. Precisava te avisar que aqui, o Rei Ecbert estava armando um
exército para destruir as forças de Durian e tomar a capital e o país para si.
– Então tu és um espião
real?
– Não, isso não. Sou só
um homem que trocou sua liberdade e sua vida para fazer favores ao rei.
Quando chegamos ao fim
do túnel havia uma escada levando para a superfície, quando subimos eu vi,
milhões e milhões de soldados, desapareciam no horizonte e na nossa frente Rei
Ecbert e sua família amarrados no pé de uma árvore e na sua frente, montado em
um cavalo e cercado de soldados estava o Rei Durian, sentenciando-os a morte
por traição à coroa absoluta, depois de tudo voltei para casa.”
Todos gritavam bêbados
quando a história acabou, Elvic se levanta, paga a sua parte ao taberneiro, se
despede de seus ouvintes, pega sua espada que estava encostada na parede, mas
ele percebe que seu Amuleto da Ordem não estava mais em seu bracelete, como já
estava um pouco alterado por causa da bebida tira sua espada da bainha, crava
na mesa chamando a atenção de todos e grita:
– Alguém por aqui não
conhece o significado de Autoridade. Guardas, não deixem que ninguém saia deste
estabelecimento até eu achar o ladrão que roubou meu Amuleto Da Ordem e cortar
a mão do mesmo. – Dito isso, rapidamente os guardas que estavam fora do local
cuidando dos cavalos trancaram a passagem, bloqueando a saída de todos. –Se o
bandido não aparecer irei revistar cada um daqui.
Logo levanta o homem
que falava sobre o passado de Telstan para Elvic, aquele que o julgara ser um
ladrão e diz:
– Isso não será
preciso, é óbvio que temos o único suspeito que cometera tal ação, Telstan! –
Apontando para o homem isolado no canto da sala – No passado ele foi julgado
por cometer crimes terríveis, inclusive o de furto, e é claro que gente assim
nunca muda.
Logo Telstan se levanta
e vai para cima do homem, coloca uma adaga no pescoço dele e diz:
– Como ousas fazer esta
afirmação sobre mim? Eu estava sentado lá o tempo todo, como podia ter roubado
algo que nem cheguei perto? Irei provar – Ele esvazia os bolsos para provar que
não tem nada dentro – Estão vendo? Estou limpo, não tenho nada a ver com isso.
– E volta para sua cadeira no canto da sala. Neste momento o homem tenta
plantar o Amuleto no bolso de Telstan, mas não consegue e coloca de volta em
seu bolso.
Vendo a situação, a
mulher que estava tocando alaúde diz:
– Eu sei quem roubou a
sua joia, Nobre Cavaleiro. Foi este homem que acusa Telstan de ter feito isso,
tentando tirar a suspeita de cima de si.
Dito isso, Elvic aponta
a espada para ele e o manda esvaziar os bolsos. Ao mesmo tempo em que vê a joia sendo tirada do bolso do homem, Elvic difere um golpe com a espada no punho do
ladrão a fazendo desprender do braço, caído no chão somente a mão toda ensanguentada.
– Guardas, tirem este
bandido daqui e o deixem apodrecer na prisão pelo resto de sua maldita vida. –
Os guardas pegam o homem e o levam para o quartel.
Elvic pega seu amuleto
da mão que esta no chão, limpa e coloca novamente em seu bracelete. Pede
desculpas para o taberneiro pelo ocorrido, se despede de seu amigo e vai para
casa.
Fim.
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